quinta-feira, 8 de julho de 2010

O gato e o duende (parte 3)

Certo dia, enquanto o pai caçava lagartos arco-íris e a menina visitava a avó, a ardilosa mulher preparou um delicioso prato de atum e atraiu Nix para perto dele. O pobrezinho mal deu uma mordida no peixe, para logo ser capturado pela mãe de Ali. Ela rapidamente jogou Nix num saco e saiu correndo para o rio.
Em desespero ao sentir a umidade tocar seu pelo brilhoso, Nix piscou os olhos, desfazendo assim o nó do saco. Pulou velozmente em busca da margem, suas patinhas peludas mal tocaram a superfície da água no percurso. Quem quer que visse a cena diria que o gato era capaz de andar sobre a água ou mesmo de voar.
Se alguém ainda não percebeu, nosso gato não era um gato comum. Nix é um gato guardião, já prestou serviços a diversos magos, bruxos e feiticeiros (havia uma druida também, mas ele prefere esquecer do episódio); é com certeza um gato mais poderoso que a mãe de Ali e sua rosa imaginavam. A vingança estava guardada.
O gato, no entanto, achou que deveria dar prioridade ao duende, afinal, este já o esperava há muito tempo.
 Devia aguardar a escuridão.
Ali foi dormir, perguntou por Chuchu (ela não sabia que o nome do gato era Nix). A mãe desviou a questão, deu-lhe um beijo de boa noite e fechou a porta. Poucos minutos depois, um vulto pequeno e muito ligeiro escalou a cama de Ali. subiu no seu peito, tampou seu nariz, abriu sua boca e ...
... no instante seguinte estava no chão. Em um pulo magestoso, Nix o derrubara. O duende também era ágil; sacou seu minúsculo punhal de ferro frio e cravou na face do gato. Nix gritou;  a ferida ardia, mas não podia perder mais uma vida sequer. Enfiou seus dentes pontudos no pescoço do duende e arrancou-lhe a cabeça. Como duendes não são saborosos, deixou o corpo por ali mesmo.
Não, Ali não acordou com o barulho. Nix quebrou o pode de geleia e devolveu a menina seus suspiros.
Ali nunca mais viu o gato ou a mãe, apenas uma gosma estranha ao lado de sua cama. Seu pai achou que era um esquilo ou uma doninha, talvez um duende.
A menina continuou infeliz por muito tempo - sem mãe e sem gato. Mas respirava tão bem agora!







Luni terminou a história. Um bárbaro bêbado chorava. Queria saber por que a menina não podia ficar com o gato e o que aconteceu com a mãe; coitada de Ali!
Luni não suportava esses sentimentalismos, bêbados também não eram sua companhia favorita. Afinal, que fazia essa mulher como barda numa grande taberna? Essa é outra história.
Luni estava pronta para se retirar quando alguém perguntou o que aconteceu na noite passada, para a história ter terminado tão cedo. É mesmo! O grupo escandaloso!
A barda não se importava, só queria se ver livre dos bêbados e dos chorões. Foi dormir.



Obs: A belíssima imagem é de Stephanie Pui-Mun Law.
Coincidência com o nome da barda ... ?

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